Projeto de extensão Vão - projeção de filmes no lençol

Na próxima quinta-feira, dia 30 de agosto, 18h30, realizaremos a primeira sessão 2018-2 do projeto vão – filmes projetados no lençol no corredor do cemuni 2.
Nesta sessão, será exibido "La Jetée" (1962), de Chris Marker e "The Sleepy Man", (2013), dirigido por Oona Mekas. A sessão parte de uma demanda e de um elogio ao sono, território ainda não capitalizado, experiência privada, intransferível e solitária que engendra uma linha de fuga no modo produtivo corrente, seguindo as reflexões do pesquisador Jonnathan Crary em "24/7 - capitalismo tardio e os fins do sono". 

Metáfora de alienação e de sonho, a sessão aponta relações entre sono, memória, controle, persistência, estados de vulnerabilidade e capacidade de imaginação.

Vão é um projeto de extensão, vinculado ao grupo de pesquisa place: plano conjunto de espacialidades, desenvolvido pelas professoras Aline Dias, Gisele Ribeiro e Raquel Garbelotti e pelas estudantes Amanda Amaral, Barbara Thomaz, Natalia Farias e Yurie Yaginuma.

 

Fragmentos de um diário (sinopse-não-sinopse):

Dia 1

Não há nada, nada senão cansaço.

Dia 2

Os relógios não estão de acordo. O relógio íntimo corre de um jeito diabólico, demoníaco, em todo caso, desumano. O exterior continua com seu ritmo costumeiro a sua marcha habitual. Que poderá suceder senão que os dois diversos mundos se separem ou ao menos se arranquem um ao outro de um modo terrível?

Uma interminável e perturbadora tarde de domingo; uma tarde que consome anos inteiros, formando-se de anos,

Dia 3

A perseguição atravessa-me e despedaça-me.

Dia 4

Insônia quase absoluta, afligido por sonhos, que desejariam gravar na matéria refratária que eu sou.

Dia 5

Acordei agitado de um profundo sono. No curso de uma das noites seguintes, terminei apesar de tudo por participar realmente do jogo. Não adveio nenhuma aproximação e se houve disso qualquer sinal, logo foi desfeito pelo aborrecimento, pelo cansaço, pela lamentação do tempo perdido. Teria acontecido sempre assim. Essa zona fronteira, colocada entre a solidão e a comunidade, apenas a ultrapassei muito raras vezes, estabeleci-me nela mais solidamente do que na verdadeira solidão. Como é linda e viva, comparada a isso, a ilha de Robinson!

Dia 6

Eu permanecei junto a eles, sozinho, completamente alheio.

 

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